4 de out. de 2011

Conselho aos que desejam estudar o oculto


Antes de mais nada gostaria de reproduzir alguns conselhos que o Mestre
Papus nos oferece em seu "Tratado Elementar de Ciências Ocultas":

CONSELHOS AOS QUE DESEJAM ESTUDAR O OCULTO

1- Escolher sempre um centro onde a oração (qualquer que seja o culto) seja
praticada.
...
3 - Não alienar jamais a liberdade por um juramento que prenda o indivíduo
a um clero, mesmo que seja numa sociedade secreta. Somente Deus tem o
direito de receber um juramento de obediência passiva.
...
7- ...Lembrar-se sempre que a oração, que dá a paz do coração, é preferível a
qualquer tipo de magia, que só cria orgulho.
...
Mas o que vem a ser a Magia? Todos os escritores clássicos, desde Eliphas
Levi à Stanislas de Guaita, classificam dois modos de Magia: a Alta Magia e
a baixa magia.
Sem sombras de dúvidas é preciso concordar com Papus em seu conselho
(7), mas somente no que concerne a baixa magia, que é um amontoado de
operações em que se visa somente a realização dos desejos egóicos de seus
praticantes.
Mas o que vem a ser então a Alta Magia? Esta não é uma pergunta fácil de
se responder, principalmente por aqueles que não tem um domínio sobre
seus processos, portanto me basearei no que dizem os Mestres da Tradição.
Eis o que nos diz J. Marqués-Rivière em seu livro "O Yoga Tântrico" sobre
os processos do Yoga: "O Yoga é o conjunto de processos físicos, mentais e
espirituais que tem por finalidade, a transformação profunda do Ser humano,
o despertar nele do Homem Novo que, em estado normal é transcendental e
inacessível".
Eu diria que esta definição serve adequadamente para a Alta Magia, como
para todos os processos iniciáticos que só tem uma finalidade: transformar o
Ser humano em um "Novo Homem" (ver a obra de mesmo nome de nosso
Venerável Mestre Phil... Desc...).
Um Mestre pouco conhecido classifica os graus da ascensão iniciática como
basicamente três: Neófito, Adepto e Mestre. Ele também explica a ascensão
iniciática pelos "planos" ou "mundos", como são encontrados nas doutrinas
da Kabbalah. Estes "mundos" são quatro: os Mundos Físico (Assiah),
Angélico (Yetzirah), Arcangélico (Briah) e Divino (Atziluth). A aplicação
destes mundos na explicação da ascensão humana serve, como ele mesmo
diz, para fins teóricos mas efetuando-se neles alguns esclarecimentos. Devese
também levar em conta a constituição trinitária do Homem: o Corpo, a
Alma (Mediador Plástico) e o Espírito (Alma Espiritual). Assim teremos:
(1) o plano físico, (Assiah)
(1a) o entreplano etérico, que é a ponte entre os planos físico e astral,
(2) o plano astral, (Yetzirah)
(2a) o entreplano angélico, que é a ponte entre os planos astral e espiritual,
(3) o plano espiritual, (Briah)
(3a) o entreplano arcangélico, que é a ponte entre os planos espiritual e
divino e, finalmente,
(4) o sobreplano divino. (Atziluth)
Para fins práticos, o entreplano arcangélico (3a) e o sobreplano divino (4)
devem ser eliminados de nossa consideração, pois nos são inatingíveis. O
máximo que se atinge na iniciação humana é o plano astral (2) - atingíveis
com este corpo e nesta vida - e o máximo que se atinge na iniciação sobrehumana
é o plano espiritual (3) - esta, só desencarnadamente.
Ao Neófito é posto a tarefa obter a iniciação no plano físico (1); no
entregrau de Senhor do Limiar (ponte entre o Neófito e o Adepto) a
iniciação no entreplano etérico (1a); ao Adepto é posto a tarefa de obter a
iniciação no plano astral (2); no entregrau de Infante do Abismo (ponte entre
o Adepto e o Mestre) a iniciação no entreplano angélico (2a); e, por fim, ao
Mestre é posto a tarefa de obter a iniciação no plano espiritual (3).
Deste modo podemos concluir que o máximo que atingimos nesta vida é o
entreplano angélico (2a), após a realização das "Obras do Adeptado", que é
o ponto central destes comentários, após este longo parênteses.
Segundo o Mestre, são três as Obras do Adeptado, ou são três as vias de
realização: o Misticismo (a Obra Mística), a Gnose (a Obra Gnóstica) e a
Magia (a Obra Mágica).
A estas três operações devem ser aplicadas a definição das práticas do Yoga,
ou seja, "o conjunto de processos físicos, mentais e espirituais que tem por
finalidade, a transformação profunda do Ser humano, o despertar nele do
Homem Novo que, em estado normal é transcendental e inacessível".
A Iniciação tem como por definição técnica "o ato ou efeito de transcender o
intelecto" (consciência objetiva) afim de se poder contemplar a Verdade
(consciência cósmica).
Deste modo então, as três operações acima descritas teriam por finalidade,
cada uma em sua modalidade, de:
1. Misticismo: o transcender o intelecto por intuição;
2. Gnose: o transcender o intelecto por um intelecto superior; e
3. Magia: o transcender o intelecto por poder.
Estas definições nos são dadas por este notável Mestre, mas eu gostaria de
acrescentar alguns comentários próprios.
A Iniciação tem por finalidade a inter-relação íntima do Eu Superior em nós
com nosso Eu Inferior polido ou purificado. Deste modo as três Obras do
Adepto, o Misticismo, a Gnose e a Magia, são formas de se processar esta
inter-relação.
O Misticismo sendo a comunhão "passiva" com o Eu Superior (o sentir de
um influxo latente em nosso Ser, que porém não podemos explicar); a Gnose
sendo a comunhão "neutra" com o Eu Superior (o recebimento, através da
intensidade máxima deste influxo latente, de um conhecimento superior); e,
a Magia sendo a comunhão "ativa" com o Eu Superior (através da
"antropomorfização" deste, que confere um vasto domínio sobre o invisível).
Estas são as três Obras do Adepto (do Adeptus Minor, do Adeptus Major e
do Adeptus Exemptus), e o Adepto pleno é aquele que realiza estas três
Obras, para tornar-se um Infante do Abismo. Neste nível, situado no
entreplano angélico (2a), o Infante do Abismo pode então contemplar a
LUZ, Aôr, o ouro dos alquimistas, a Iluminação Interior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...